Ana Júlia Pereira
No primeiro evento após retorno de viagem à China, o governador Mauro Mendes (União) se deparou com a crise ambiental que é o Pantanal em chamas novamente. Em entrevista, ele admitiu que existe a necessidade da criação de políticas públicas para prevenção do bioma, a maior planície alagável do mundo, mas que sofre com seca e fogo nos últimos meses. Queimada já destruiu cerca de 1 milhão de hectares na área.
Após a posse do novo presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE), Sergio Ricardo, nesta terça-feira (21), o governador, se mostrou "contente" com as chuvas registradas no Pantanal nesse domingo (20). Registro ajudou os bombeiros e brigadistas a conter o avanço das chamas.
"Finalmente choveu no Pantanal, é uma região muito grande, existem muitas áreas intactas que não pode criar gado, que ao longo dos anos vai se formando uma matéria orgânica muito forte. Neste alto período de estiagem, há essa matéria seca, e por algum motivo, seja por incêndio criminoso, por um acidente, um raio, fogo que vem de reserva indígena ou da Bolívia, são diversas causas que cria ali uma condição totalmente complicada", comentou o governador.
A chuva amenizou a situação no Pantanal, mas cerca de 120 militares do Corpo de Bombeiros, o Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAer) e agentes da Defesa Civil Estadual continuam na região para combate dos pontos de incêndios ativos, realizando monitoramento in loco e rescaldo em locais pontuais para que o fogo não retorne. Organizações não governamentais (ongs) também estão na área para ajudar no combate ao fogo e resgate de animais feridos.
"Apesar do grande esforço dos bombeiros e voluntários que atuaram ali, ainda é uma situação muito difícil pelo tamanho área. É lamentável porque a gente vê cenas que chocam o coração de todos. É uma realidade que nós precisamos mudar, com alguma política pública, alguma lei, que permita o controle e a preservação melhor daquela área", finalizou Mendes.
Na terça-feira (14), o vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), decretou situação de emergência ambiental em decorrência dos incêndios florestais. Autoridades criticaram a demora para tomadas de medidas mais enérgicas para atuação no local.
Garimpo e agricultura no Pantanal
Apesar de falar em políticas públicas de preservação do Pantanal, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aprovou em primeira votação o projeto de lei complementar (PLC) 64/202, de autoria do Executivo, que afrouxa as leis ambientais mato-grossenses e permite atividades de mineração em áreas de preservação do Pantanal.
Conforme o deputado Wilson Santos (PSD), o governo deseja que Secretaria de Meio Ambiente (Sema) possa realocar as reservas legais e fazer daquele espaço garimpo, além de permitir a plantação de soja, algodão e milho em larga escala.
Fonte: GAZETA DIGITAL