Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou nesta sexta-feira (7) que não tem proximidade com alvos da Operação Ragnatela, que mirou membros do Comando Vermelho envolvidos na realização de shows em uma casa noturna em Cuiabá. Ele confirmou que conhecia Rodrigo Leal, um dos investigados, mas destacou que qualquer político da Capital sabe quem ele é. Apesar disso, afirmou que não tinha conhecimento do envolvimento de Leal com o crime organizado.
"Eu conhecia o Rodrigo Leal, ele era de eventos [...], no tempo da pandemia ele vinha representando o sindicato, com todos os promotores de eventos de Cuiabá. Político que falar que não conhece Rodrigo Leal no setor de eventos, acho que está querendo tapar o sol com a peneira. Conhecia ele de lá, tínhamos uma relação boa, depois teve uns 2 ou 3 anos que ele sumiu, a gente nunca mais se falou, agora, eu não sabia desse possível envolvimento dele, não tem como saber", disse.
Rodrigo Leal, um dos presos na operação, era coordenador do cerimonial da Câmara Municipal de Cuiabá. Na quarta-feira (5) ele foi exonerado com os servidores comissionados Wilian Aparecido da Costa Pereira, dono do Dallas Bar, e Elzyo Jardel Xavier Pires, que era promotor de eventos, ambos também envolvidos no esquema.
No inquérito sobre o caso, o nome do prefeito é citado em alguns momentos e também há uma foto dele ao lado do vereador Paulo Henrique (MDB), que indicou Rodrigo Leal ao cargo na Câmara, e de dois alvos da polícia, Joadir Alves Gonçalves, vulgo "Jogador", e Wilian Aparecido da Costa Pereira, vulgo "Gordão". O prefeito pontuou que esta foto não é indício de proximidade.
"Anda comigo um dia [...] nos bairros então, todo mundo quer tirar foto, eu vou negar? Não nego, não nego mesmo. O problema deles terem chegado a uma autoridade para tirar foto é que a Segurança Pública do Estado não funciona, esse que é o foco. [...] Se estivessem presos não estavam por aí abordando as autoridades".
Operação Ragnatela
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT) prendeu na manhã de quarta-feira (5) um total de 8 pessoas e cumpriu 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e no Rio de Janeiro contra membros do Comando Vermelho que usavam casas noturnas em Cuiabá para lavar dinheiro do crime.
Ao todo, cerca de 400 policiais cumpre as ordens de prisão e de busca e apreensão. Há ainda sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
As investigações apontaram, por exemplo, que os criminosos que participavam da gestão das casas noturnas em Cuiabá utilizavam a estrutura para fazer show de cantores conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.
Os acusados repassavam ordens para não que não fossem contratados alguns artistas de outros estados, com influência em outras organizações criminosas rivais, sob pena de represálias da facção.
Fonte: Gazeta Digital