Lula critica países que "lucram com a guerra" e cobra redução de combustíveis fósseis na COP28

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo, durante discurso na COP28, em Dubai, nesta sexta-feira (01), pela redução do uso de combustíveis fósseis ao redor do mundo, e criticou os países que "lucram com a guerra" enquanto "a conta da mudança climática" chega aos mais pobres.

Na conferência do clima da ONU, os líderes têm a tarefa de discutir o futuro do meio ambiente e como evitar uma catástrofe climática global, neste que já passou a ser conhecido entre cientistas como "o ano mais quente da história", segundo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).

O presidente ressaltou em sua fala: "A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração."

"É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis", afirmou.

Cobrança aos líderes mundiais

Lula ainda citou promessas de líderes que nunca foram concretizadas.

"O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?"

O presidente também mencionou os valores gastos com armas e a falta de um comprometimento real.

"Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões e 224 milhões de dólares em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?"

Críticas à ONU

Em seu discurso, o presidente Lula, que critica a formação do Conselho de Segurança da ONU, voltou a falar sobre os membros da ONU e a falta de capacidade para se chegar a um um acordo.

"É inexplicável que a ONU, apesar de seus esforços, se mostre incapaz de manter a paz, simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra".

Amazônia e desmatamento

Sobre o Brasil, Lula voltou a prometer desmatamento zero: "Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030."

O presidente ressaltou que só é possível enfrentar as mudanças climáticas ao combater as desigualdades, e finalizou o discurso afirmando que todos precisam "conviver na fraternidade."

"Todos almejamos tornar o mundo capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada."