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DEMÊNCIA

Demência: estudo mostra sinal que pode prever risco até dez anos antes

Descoberta pode ser importante para o diagnóstico precoce da condição, que leva ao declĂ­nio cognitivo e perda de memória


Andriy Onufriyenko

Gabriela Maraccini

Um novo estudo descobriu um sinal que pode indicar risco de demĂȘncia de cinco a dez anos antes do surgimento dos sintomas – que incluem perda de memória, problemas na fala e na escrita e dificuldade de compreender informações. Segundo os pesquisadores, o estreitamento de uma faixa de tecido cerebral chamada substância cinzenta cortical fica mais fina em pessoas que desenvolvem declínio cognitivo.

Os resultados foram publicados no Alzheimer"s & Dementia: The Journal of the Alzheimer"s Association. No estudo, os pesquisadores do Centro de CiĂȘncias da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, analisaram mais de mil participantes de um estudo chamado Framingham Heart Study e mais 500 voluntĂĄrios da Califórnia. No total, os participantes tinham, em média, 70 e 74 anos. Todos foram submetidos a um exame de ressonância magnética no cérebro.

O estudo comparou pessoas com e sem demĂȘncia no momento da ressonância magnética. Também foram analisados os exames feitos 10 anos antes para comparar os resultados.

"Voltamos e examinamos as ressonâncias magnéticas cerebrais feitas dez anos antes e depois as misturamos para ver se conseguíamos discernir um padrão que distinguisse de forma confiĂĄvel aqueles que, mais tarde, desenvolveram demĂȘncia daqueles que não desenvolveram", disse a Sudha Seshadri, co-autora do estudo e investigadora sĂȘnior do Framingham Heart Study, em comunicado.

Os resultados mostraram que faixas mais finas da substância cinzenta cortical do cérebro estavam relacionadas ao declínio cognitivo e ao desenvolvimento de demĂȘncia, enquanto faixas mais grossas da mesma região tiveram resultados melhores nos exames de ressonância magnética.

"Embora sejam necessĂĄrios mais estudos para validar este biomarcador, começamos bem", disse Claudia Satizabal, principal autora do estudo. "A relação entre desbaste e risco de demĂȘncia comportou-se da mesma forma em diferentes raças e grupos étnicos", completa.

Descoberta pode ajudar no diagnóstico precoce e em novos estudos

Na visão dos autores do estudo, as descobertas podem ajudar a identificar precocemente pessoas com alto risco de desenvolver demĂȘncia.

"Ao detectar a doença precocemente, temos uma janela de tempo melhor para intervenções terapĂȘuticas e modificações no estilo de vida, e para fazer um melhor acompanhamento da saúde do cérebro para diminuir a progressão dos indivíduos para a demĂȘncia", comenta Satizabal.

Além disso, os resultados podem ajudar a minimizar custos em ensaios clínicos futuros, jĂĄ que pode ser possível selecionar participantes que ainda não desenvolveram demĂȘncia – mas que apresentam o risco através do biomarcador de afinamento da substância cinzenta – para esses estudos. Por exemplo, eles podem participar de estudos para medicamentos experimentais da demĂȘncia.

O próximo passo, segundo os autores do estudo, é identificar quais fatores de risco podem estar associados ao afinamento da substância cinzenta cortical. Para Satizabal, esses fatores podem incluir dieta, exposição a poluentes ambientais, risco cardiovascular e genética.

"Observamos o APOE4, que é o principal fator genético relacionado à demĂȘncia, e não estava de forma alguma relacionado à espessura da massa cinzenta", disse Satizabal. "Achamos que isso é bom, porque se a espessura não for determinada geneticamente, então existem fatores modificĂĄveis, como dieta e exercícios, que podem influenciĂĄ-la", finaliza.

CNN BRASIL

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